COMO ESCOLHER UM ESPUMANTE A TEMPO DO RÉVEILLON

Pop! A onomatopeia serve para explicar que são poucas as passagens de ano que não arrancam com o estoiro de uma rolha projetada da garrafa de espumante (sim, espumante e não champanhe). Faz parte de um ritual que começa mal a escuridão se instala no dia 31 de dezembro e tem o seu clímax aquando das 12 badaladas, esse anúncio sonoro de um novo ano e de uma nova etapa.

Ao contrário do que se possa pensar, espumantes há muitos. Mais e menos secos, mas também na versão tinta, branca e rosé, pelo que talvez não seja fácil escolher um para uma ocasião que muitos consideram tão importante. A pensar na difícil tarefa de percorrer corredores de supermercados — e na esperança de evitar olhares absortos para rótulos poucos familiares –, consultámos Sérgio Antunes, escanção associado ao LOCO Restaurante. Mas antes das perguntas que precisam de ser respondidas, há uma ideia fundamental a reter: em ambiente de festa não faz mal haver estoiro, espuma e copos a transbordar.

Qual é a diferença entre espumante e champanhe?

Preto no branco, falar em espumante não é o mesmo que falar em champanhe — o último remete para os vinhos produzidos na região francesa de Champagne. O mesmo acontece com o italiano Prosecco ou com o espanhol Cava.

O que é, então, um vinho espumante?

O vinho espumante distingue-se dos demais por causa da segunda fermentação que ocorre em garrafa fechada, uma vez que só dessa forma é possível reter o gás natural — como quem diz as bolhas que associamos ao espumante. A fermentação dentro de um recipiente tapado diz respeito à forma mais tradicional de produção, o método champenoise, mas há ainda uma alternativa que vale a pena ser comentada: o método charmat, que consiste em fermentar o vinho dentro de grandes tonéis para mais tarde engarrafá-lo.

Que tipos de espumante existem?

Os espumantes variam sobretudo consoante o açúcar que é adicionado por altura da segunda fermentação (na primeira fermentação as leveduras transformam o açúcar em álcool). Por esse motivo, existem diferentes categorias: bruto natural (sem adição de açúcar após a fermentação), extra bruto (até 6 g/l), bruto (menos de 12 g/l), extra seco (entre 12 e 17 g/l), seco (entre 17 e 32 g/l), meio seco (entre 32 e 50 g/l) e doce (mais de 50 g/l). Esclarece ainda o escanção que o espumante (ou champanhe) dificilmente passa os 12,5, 13% de álcool, e que as regiões portuguesas mais afamadas pela produção da bebida são Bairrada e Távora-Varosa.

Onde devem ser guardadas as garrafas?

Ao contrário do que se possa pensar, o frigorífico não é um bom amigo do espumante, uma vez que contribui para que as rolhas das garrafas fiquem secas. E porque é que isso é importante? Seca a rolha, perde-se o gás. O ideal é encontrar um local escuro, com pouca ou nenhuma luz, com a humidade a rondar os 80% (no mínimo) e sem qualquer corrente de ar por perto. O cuidado tem razão de ser, até porque tal permite que não existam alterações à estrutura do vinho. A título de exemplo, o escanção recorda que muitas caves de champanhe e espumante vão até aos 20, 30 metros de profundidade, embora hoje em dia as novas adegas tenham lugares específicos (e à superfície) em ambientes controlados.

Por Ana Cristina Marques.

 

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